‘Faraó dos Bitcoins’ diz que sofreu racismo e que se estivesse nos EUA seria ‘capa da Forbes’
O Ministério Público Federal (MPF) abriu um processo contra Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó das Bitcoins”, pelo crime de denunciação caluniosa. A ação se deu após o próprio MPF apurar uma acusação do empresário de que os policiais federais que o prenderam cometeram agressão e injúria.
Glaidson afirmou, durante sua audiência de custódia, em agosto do ano passado, que recebeu um cascudo e foi chamado de filho da p*** pelos agentes. O MPF não viu crime ao analisar o laudo do corpo de delito – realizado no dia da prisão – ou na análise de imagens da prisão.

No vídeo da audiência, ao qual o g1 teve acesso, Glaidson acusa os policiais de racismo.
“Não estou aqui me vitimizando porque não gosto disso. Eu, particularmente, detesto essa situação de me fazer de vítima. Mas, eu sofri esse preconceito, eu sofri na pele, de ele ter falado ‘perdeu, filho da p***’. (…) Se nós tivéssemos olho azul e fôssemos de pele branca e loiros, tenho certeza que ele não ia falar ‘perdeu, filho da p***’.”, afirmou Glaidson, durante audiência sobre o processo de denunciação caluniosa.
“Eu sou um empresário bem-sucedido, uma pena eu ser brasileiro. Se eu tivesse nos Estados Unidos, eu estava na capa da Forbes ou da Time. Mas, eu estou no nosso país que, infelizmente, tem um racismo muito grande”, completou.
Glaidson foi preso por chefiar um esquema ilegal de investimento em criptomoedas. Segundo as investigações, o grupo movimentou quase R$ 40 bilhões.
O empresário também é acusado de mandar matar dois concorrentes. Um deles morreu e o outro sobreviveu ao atentado.
Polícia Federal diz que ‘inexistiu agressão’
Os policiais envolvidos na operação, que resultou na prisão de Glaidson, foram ouvidos no processo. O chefe da equipe, delegado Bruno Tavares, afirmou que não houve nenhuma anormalidade durante a ação.
“Acompanhou todo o trajeto percorrido pelos policiais que seguiam a sua frente, assegurando que inexistiu a agressão/cascudo em face do acusado. Arrematou informando que, depois de controlada a situação, saiu para chamar a representante do MPF e da Receita Federal do Brasil”, diz um despacho da ação penal.
O que diz a defesa
Em nota, os advogados Karinna Borges e Murilo Cobucci afirmaram que a Audiência de Custódia é um instrumento processual “que serve, justamente, para que seja avaliada a legalidade da prisão e a necessidade de sua manutenção, bem como para garantir que a integridade física do acusado ou investigado seja preservada”.
“No caso em comento, pelo que se pôde observar, o Sr. Glaidson Acacio contou, em Juízo, o que havia acontecido quando foi abordado em sua residência enquanto dormia e, ainda assim, o Ministério Público Federal optou por denunciá-lo por denunciação caluniosa, como se os fatos narrados não tivessem ocorrido”, explicam.
“Importante ter em mente que esse tipo de situação pode acabar prejudicando o direito do preso – e não apenas do Sr. Glaidson, pois faz com que os acusados ou investigados temam narrar agressões perante um juiz”, prosseguem.
“Enfim, não há dúvidas de que tais fatos serão esclarecidos nos autos, conduzindo a instrução processual ao único desfecho coerente, no caso, a decretação de inocência do Sr. Glaidson Acacio dos Santos, que apenas exerceu o seu direito de contar o que havia acontecido quando foi abordado.”
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