Gerson presta depoimento em delegacia e se manifesta sobre racismo ao lado de vice do Flamengo
O volante Gerson, do Flamengo, compareceu a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância do Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (22), para formalizar uma ocorrência contra o colombiano Juan Pablo Ramírez, do Bahia, por injúria racial. Você pode acompanhar através da SKY e entender o caso desde o início.
O jogador estava acompanhado de Rodrigo Dunshee, vice-presidente do Flamengo, que no dia anterior já tinha usado as redes sociais para manifestar apoio ao meio-campista, inclusive dizendo que ele seria amparado pelo departamento jurídico rubro-negro.

Ramírez é acusado de ter dito “Cala a boca, negro”, durante a partida entre Flamengo e Bahia, no último domingo (20), no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. Em vídeo gravado na segunda-feira, o colombiano diz que foi mal interpretado e falou “Joga rápido, irmão”.
“Estou aqui na delegacia. Vim falar sobre o ocorrido. Quero deixar bem claro que não vim só para falar por mim, vim falar pela minha filha, que é negra; meus sobrinhos, que são negros; meu pai e minha mãe, negros também; e todos os negros do mundo”, disse Gerson, nesta terça.
“Sobre o fato que aconteceu, hoje, graças a Deus, tenho um status de jogador de futebol, tenho voz ativa para poder falar e dar força para outras pessoas que sofrem racismo ou outro tipo de preconceito possam falar também”, completou, em vídeo divulgado nas redes sociais.
“O Flamengo está aqui junto do Gerson, como está sempre junto de todos os atletas do Flamengo, apoiando este momento. Gerson cumpriu seu papel de cidadão e agora a questão está entregue à Justiça. Esperamos que a Justiça seja feita”, disse Dunshee, no mesmo vídeo.
A confusão entre Gerson e Ramírez ocorreu aos 7 minutos do segundo tempo no Maracanã, após o segundo gol do Bahia. Nas imagens de vídeo é possível ver Gerson conversando com Ramírez. Em seguida, ele começa a queixar-se para a arbitragem.
O flamenguista disse após o jogo que o colombiano disse “Cala a boca, negro” e por isso reagiu indignado, cobrando uma atitude da arbitragem, mas acabou sendo reprimido pelo técnico Mano Menezes, que classificou a reação do volante como “malandragem”.
Houve bate boca entre jogadores e membros da comissão técnica, o que fez a partida ficar paralisada por um tempo considerável. Quando ela foi retomada, Mano cobrou que o árbitro Flávio Rodrigues de Souza punisse o flamenguista com cartão por ele ter xingado Ramírez.
Assim que a partida terminou (o Flamengo venceu por 4 a 3), o treinador foi demitido e Ramírez foi afastado pela diretoria tricolor para apurar internamente o caso. Ainda não havia indicação de que Gerson fosse registrar uma queixa na delegacia.
Na esfera esportiva, caso fique provado que Ramírez cometeu injúria racial, ele pode ser suspenso de 5 a 10 jogos e receber uma multa de R$ 100 a R$ 100 mil. Na esfera civil, a pena para injúria racial um a três anos de reclusão.
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