Noruega suspende doação de recursos para a Amazônia em franca disputa com o Brasil
A Noruega seguiu os passos da Alemanha e suspendeu as doações ao Fundo Amazônia após aumento do desmatamento na floresta brasileira. O movimento provocou incômodo no presidente de direita do país, Jair Bolsonaro, que reagiu sugerindo que a Europa não está em posição de lhe ensinar sobre como administrar seu país.
Depois de semanas de tensas negociações com a Noruega e a Alemanha, o governo de Bolsonaro fechou unilateralmente o comitê diretor do Fundo Amazônia nesta quinta-feira. O fundo tem sido fundamental nos esforços internacionais para conter o desmatamento, embora seu impacto seja contestado. O Ministro Ricardo Salles disse que o fundo foi suspenso enquanto as regras estão sob discussão.
Em resposta ao constante desmatamento e às falas do presidente eleito, Ola Elvestuen, seu colega norueguês, disse que o pagamento esperado de cerca de 33,27 milhões de dólares não aconteceria, já que o Brasil quebrou os termos do acordo. A Noruega tem sido a maior doadora do fundo, tendo doado cerca de 1,2 bilhão de dólares na última década. No entanto, Elvestuen diz que “o Brasil claramente mostrou que não mais se importa em parar o desmatamento”.

A preciosidade do Brasil está virando cinzas
A Floresta Amazônica representa mais da metade de todas as florestas tropicais que ainda existem no planeta, e compreende a maior biodiversidade já vista em uma floresta tropical. O impacto da floresta para o mundo é tamanho que até mesmo inspira filmes internacionais, como Amazônia (2013) e também reflete em sites de jogos de diversão online, como o Amazin Amazonia, da plataforma de jogo de casino NetBet.
As queimadas que destroem a região e chamam atenção de todo mundo, são apenas uma parte da exploração da maior floresta tropical do mundo. Por trás dos incêndios e derrubada da mata, estão existem poderosos interesses econômicos como a criação de gado, o comércio ilegal de madeira e a produção de soja.
No entanto, Bolsonaro mais uma vez parece estar ignorando os números e a realidade do país, insistindo que o Brasil “irá decolar assim que conseguirmos extrair sensivelmente as riquezas” da floresta amazônica, a qual possui 60% do território no Brasil. Esse é um alerta que a onda de destruição continua ativa. No último sábado, fazendeiros na Amazônia, supostamente teriam declarado “dia do fogo”, coordenando uma enorme queima de árvores para limpar a terra para as plantações. A Polícia Federal (PF) abriu inquérito para apurar eventuais incêndios criminosos na região.
Próximo a Altamira, o número de queimadas aumentou, no último fim de semana, mais de 900% em relação ao pior dia anterior deste ano. Em Novo Progresso, o aumento passou de 500%. Para piorar, a agência de proteção ambiental, Ibama, teve que interromper as operações em Novo Progresso, visto que não possui mais o apoio total da polícia e da guarda nacional. De acordo com o Folha de São Paulo, os fazendeiros estão ganhando coragem após o presidente eleito ter sinalizado que quer abrir terras previamente protegidas.
Não por falta de aviso
As preocupações graves sobre as taxas de desmatamento desde que Bolsonaro assumiu o poder foram repetidamente expressas pelo governo norueguês e outros. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), agência governamental que monitora o desmatamento, a taxa aumentou 278% no ano até o mês de julho, resultando em mais de 335.908 metros quadrados de desmatamento.
Brasil deve concentrar esforços para buscar uma solução para a floresta
Para Pedro Dallari, professor titular de Direito Internacional do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo (USP), o interesse dos países europeus pela Amazônia é compatível com a soberania do Brasil. A preocupação da comunidade internacional com os incêndios ocorridos recentemente não é uma contradição à responsabilidade que o País tem de proteger a floresta. Segundo Dallari, a solução para o problema deve ser a sociedade e o governo brasileiro juntarem esforços para evitar que “a tragédia que está acontecendo venha a gerar danos irreparáveis para o nosso patrimônio ambiental”.
Na tarde da última sexta-feira, 23/08, o presidente brasileiro assinou um decreto autorizando o emprego das Forças Armadas para ajudar no combate aos incêndios na Floresta Amazônica.
Comentários