Nem Aqui nem na Russia: diga não ao machismo e ao retrocesso
Constrangedor. Infelizmente nem só de vacilos em campo de seleções e jogadores de elite está sendo feita a Copa do Mundo 2018. Fora dos campos, atitudes embaraçosas estão chamando a atenção da mídia e da opinião pública para um tema delicado, mas longe de estar resolvido: o machismo.
Não é engraçado: um grupo de homens brasileiros que foi à Rússia acompanhar a Copa do Mundo 2018 gravou vídeo em volta de uma mulher loira, provavelmente russa, no qual insistiam para que a moça repetisse e cantasse palavras depreciativas, referentes ao seu órgão genital feminino: “essa é bem rosinha, essa é bem rosinha…”. Um dos integrantes do vídeo foi identificado por internautas como um ex-secretário de Turismo de Ipojuca (PE), à época no PSB. O município fica na região metropolitana de Recife. Lamentável.

Renata Spallicci, empresária e autora do livro “Do Sonho a Realização”, é considerada no Brasil e no exterior como uma referências da causa do empoderamento feminino, engajada em causas sociais que procuram restaurar a dignidade de mulheres que foram oprimidas pelo machismo e por falta de oportunidades sociais, resultado da ignorância e do preconceito: “Muito me dói saber que justamente na Russia, lugar que representa a luta de cada uma de nós por melhores condições de trabalho, de vida e de posicionamento social, alguns brasileiros tenham se manifestado de forma tão grosseira e machista com a mulher russa. Foi justamente daquele país que, no dia 8 de março, hoje Dia Internacional da Mulher, operarias têxteis saíram às ruas, tomaram Petrogrado, tomando de surpresa até mesmo os seus pares homens da classe trabalhadora, e mudaram o curso da história mundial”. Ressalta Renata.
Em pleno século 21, mais de 100 anos depois do levante feminino na Russia, não apenas lá mas aqui também no Brasil não são poucos os casos de agressão contra mulheres, insultos, desigualdade salarial e social. Renata, no entanto, tem se dedicado a virar o jogo, e marcar um gol fora dos gramados do Mundial, para virar o placar a favor das mulheres e assim reverter os tristes números de uma realidade desfavorável. Renata é enfática: “A cena que vimos no vídeo é apenas um exemplo do que acontece todos os dias no Brasil. Um momento que deveria ser feliz e divertido para todos, como a Copa do Mundo, torna-se algo triste e desprezível. Abusaram da fragilidade do desconhecimento do idioma para fazer uma brincadeira de mal gosto. É inaceitável. Não podemos deixar que alguns Brasileiros como estes destruam a imagem da nossa nação para o mundo. Não vamos nos calar.”
Renata é diretora executiva de uma grande empresa farmacêutica, mas também atleta e embaixadora do WBFF (World Beauty Fitness Fashion) no Brasil. Apesar de sua rotina puxada, entre decisões estratégicas da empresa e os treinos e cuidados com o corpo e a beleza, ela tem realizado palestrado pelo Brasil afora e defendido uma mudança de mentalidade e paradigma para a sociedade, contra o retrocesso: “A igualdade de gêneros não é responsabilidade apenas das mulheres. Todos somos responsáveis por construir uma sociedade mais justa com respeito e igualdade.” Conclui.
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